Burel Factory. A História de uma Montanha.
A Serra da Estrela surgiu-nos como uma miragem num panorama debilitado pela crise que deixara fragilizada a região interior do país. Intervimos. Hoje somos mais de 100 pessoas, reavivamos uma Vila, uma fábrica e promovemos uma cultura que se julgava esquecida pelo tempo.
Na edificação da Casa das Penhas Douradas procurou-se ir ao encontro de elementos que evidenciassem a mestria na Serra, o burel, a lã e a sua ligação secular à cultura da região, altura em que encontrámos a fábrica da Lanifícios Império. A fábrica descobriu-nos a nós e nós descobrimos o burel que depois procurámos desenvolver, e que viria a ser utilizado na decoração do hotel. Foi aí que nos apercebemos que a fábrica se encontrava em processo de insolvência e sem capacidade de se adequar às necessidades que o tempo exigia, de um mundo que começava a girar demasiado depressa.

Decidimos avançar com um processo de recuperação da fábrica e da sua aquisição para lhe continuar a narrativa que trazia desde o século passado e voltar a dar vida à população local que dela dependia. Para a mostrar ao mundo a sua arte. É hoje a Burel Factory.
Mantivemos as máquinas do século XIX, reciclámos alguns padrões dos antigos livros de debuxo que ainda hoje utilizamos em algumas mantas, e começámos a dar cor ao burel que até à data só existia nas cores originais da lã. Mostrámos o produto a designers e a criativos. Procurámos elevá-lo, valorizá-lo, e fazer com que se tornasse sinónimo de criação. Com que evidenciasse a inovação e todo o empenho no projeto.
Colocámos os antigos mestres dos teares a ensinar os mais novos, de modo a incrementar a passagem de testemunho e não deixar morrer essa arte das mãos, não deixar que o som ancestral do bater dos teares deixasse de ecoar pelos vales daquelas montanhas. Assim se mantém até hoje.


Em 2016 adquirimos a antiga Pousada de São Lourenço para a transformar no novo hotel Casa de São Lourenço, que veio continuar a dinamização da região centro, e evidenciar um estilo de vida ligado à montanha, à sua cultura, à sua gente, e ao saber herdado por gerações.
“No fundo somos recuperadores de património, material e imaterial. É essa a nossa missão. Sem passado não temos futuro. Queremos valorizá-lo com inovação, que é o que realmente interessa.”
